quarta-feira, 30 de julho de 2008

Hora do almoço

Ele chega com histórias: "passava todos os dias por este jardim quando ia trabalhar", e mostra a foto: a praça arborizada em frente da casa onde ele vivia sob uma luz que só Paris conhece, tudo parecendo o cenário de um filme, ele, o jardim, a tarde; depois ele me conta das três velhinhas com quem conversou na Irlanda, estavam sentadas, cada uma em sua cadeira, olhando a paisagem, "no meio do nada", ele ressalta, e vejo novamente cenários, imagens, histórias. A conversa avança: pedimos a sobremesa e ele diz que já viajou de trem decidindo o destino no vento, que domingo foi ver Batman e que uma vez na Escócia pegou oito caronas (ele diz "boléia") para chegar a Edimburgo. Na hora do café, ele ensina que na escola da psicologia européia não é permitido ter vivido a mesma dor que os pacientes, "para ter o distanciamento suficiente e poder tratá-los". Jura?, eu muito curiosa. Ele continua: "a escola norteamericana é o contrário: é aceito ter passado por aquilo para poder entender e tratar estes pacientes". Pedimos a conta, ele fala uma besteira qualquer que me faz soltar uma gargalhada. O tom da tarde é de encantamento. Não sei quase nada sobre ele.

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