segunda-feira, 30 de junho de 2008

Coisas espetaculares

O danado é que o outro não termina nunca, mas é que a gente não sabe mesmo quem é que tá do outro lado, este outro que nos não cansa de surpreender; quando a gente acha que já viu tudo, ó!, leva outra rasteira, e é realmente impressionante como é possível que seja assim.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Um dia como hoje

A cozinha dança em clima de festa nesta sexta-feira ensolarada quando a vida parece um longo rio tranquilo e Alessandra e Creusa enrolam beijinhos de côco na cozinha, "os brigadeiros vamos fazer quando sua mãe acordar", o cheiro de leite de côco interessa à cachorrinha de pescoço esticado pra ver se cai alguma coisa no chão; "duas latas de leite condensado dá pros beijinhos?", concluímos que é mais do que suficiente já que vamos nos focar nos brigadeiros, "que é o que todo mundo gosta, mesmo", o cachorro quente vamos fazer amanhã, dia da festa, quando só vai ficar faltando comprar gelo e encher os balões com a máquina que o Ricardo conseguiu emprestada. Minha bebê vai fazer cinco anos. Vai dar tudo certo, antevejo o gramado coberto de balões cor de rosa. A casa aberta, o peito leve. Amanhã e sempre.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ainda sobre nossa impressionante capacidade de recuperação

Mas também há coisas que se perdem para sempre.

Historinha misteriosa

Ela passou por mim de carro, um sorriso que julguei cúmplice, "vamos tomar um café?", respondi que não, "tou indo pro trabalho", de repente nem havia cumplicidade no sorriso: a gente acaba vendo aquilo que quer e não o que a realidade apresenta, não é?, a verdade é que eu tinha tanto a dizer pra ela, precisava tan-to dos conselhos dela que não podia nem responder ao seu bom dia quanto mais  ir tomar um café. Ela bem me disse, "não vou me meter na história de vocês dois", achei frio na ocasião. Ela estava certa. Eu tinha tanto a dizer. Eram nove e meia da manhã quando fiquei pequenininha, do tamanho de um botão. Vesti meus Rayban pra disfarçar o susto, este tremendo susto da vida.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Um bom dia

A professora: "não trouxe o biquini, Manuela?", são quase nove da manhã, acorda uma arara desesperada dentro de mim, "tinha que trazer biquini??", um meio tom acima do acorde matinal, a professora me tranquiliza, mostrando uns biquinis, "comprei no chinês pra situações assim", a pequenininha se desculpa, "eu esqueci de dizer à mãe", o coraçãozinho dela achando que o erro foi seu, não foi, não foi, não foi, "tinha uma cartinha do colégio, a mãe que não leu, meu amor", ela se alivia, fica feliz com o biquini do chinês, azulão de bolinhas brancas e alça verde limão, ela gosta do que a vida lhe oferece; o biquini é um horror, dou um beijinho nela, no caminho encontro com outra mãe que também tinha esquecido biquini, toalha, tudo, "minha filha teve um ataque, tou indo em casa buscar as coisas"; agradeço a deus e à ordem das coisas pela minha menininha que gosta de tudo. Entro no carro, a manhã é linda, estupefaciente. Na Marginal já não tenho dúvidas. É o tempo de chegar em casa, arrumar a bolsinha: o biquini novo comprado no sábado, a toalha pink do ursinho, a professora, "ela vai ficar feliz de ter as coisinhas dela". Sorrio, coloco os óculos escuros e tenho um bom dia.

terça-feira, 24 de junho de 2008

A mãozinha dela

Seguro na mãozinha dela e vamos cortando a lama debaixo de chuva e contra o vento, vejo suas meias cor de chumbo, a cor do uniforme, o casaco de lã cor de camelo, o capuz apertado na cabeça pra não molhar, o narizinho, ela caminha do meu lado apertando o passo quando eu digo, "anda rápido, meu amor", as perninhas de quatro anos aceleram, abro o meu guarda-chuva sobre o seu, do winnie the pooh, onde ela pensa abrigar-se da chuva, até que percebe e me repreende: "mamãe, o seu guarda-chuva está tapando o meu!", eu digo que foi sem querer, que sei que o guarda-chuva dela é ótimo e que dá conta de protegê-la da água que cai do céu, "quando a gente morre vai todo mundo pro céu, mamãe?", penso que chuva é uma palavra linda, ela caminha feliz e confiante debaixo do seu micro guarda-chuva do winnie the pooh, passinhos rápidos nos sapatos sujos de lama até entrarmos pelo portão do colégio; o dia é feio, o vento enche de desânimo as perspectivas desta sexta-feira, mas a vida parece linda: vai ser assim, tem sido assim, as duas de mãos dadas cortando a lama, o tempo, vencendo tudo. 

Então tá

Então tá! Chegamos aqui, depois de uma prévia experiência traumática no universo dos blogs (acredite quem quiser, meu blog anterior foi surrupiado! Isso mesmo!) Explico: a gênia aqui tinha escolhido como senha 123456... E não é que outra alma foi lá, com uma senha igual a minha?E tomou posse do meu blog! Coisas do fabuloso mundo da internet... Mas, tudo bem, um blog chamado "Um pouquinho de tudo" não merecia existir mesmo. O fato é que, como sabemos, o tempo cura  tudo, até minha tristeza pelos textos perdidos, afinal nada se perde, tudo vira uma outra coisa. Tudo. Menos os meus textos, que realmente se perderam pra sempre. Coração limpo. Desejo muito boa sorte pro feliz portador da senha 123456, e vâmo com tudo!