terça-feira, 24 de junho de 2008

A mãozinha dela

Seguro na mãozinha dela e vamos cortando a lama debaixo de chuva e contra o vento, vejo suas meias cor de chumbo, a cor do uniforme, o casaco de lã cor de camelo, o capuz apertado na cabeça pra não molhar, o narizinho, ela caminha do meu lado apertando o passo quando eu digo, "anda rápido, meu amor", as perninhas de quatro anos aceleram, abro o meu guarda-chuva sobre o seu, do winnie the pooh, onde ela pensa abrigar-se da chuva, até que percebe e me repreende: "mamãe, o seu guarda-chuva está tapando o meu!", eu digo que foi sem querer, que sei que o guarda-chuva dela é ótimo e que dá conta de protegê-la da água que cai do céu, "quando a gente morre vai todo mundo pro céu, mamãe?", penso que chuva é uma palavra linda, ela caminha feliz e confiante debaixo do seu micro guarda-chuva do winnie the pooh, passinhos rápidos nos sapatos sujos de lama até entrarmos pelo portão do colégio; o dia é feio, o vento enche de desânimo as perspectivas desta sexta-feira, mas a vida parece linda: vai ser assim, tem sido assim, as duas de mãos dadas cortando a lama, o tempo, vencendo tudo. 

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