sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Historinha
Quando eu disse que era gay ela se jogou em cima de mim, me abraçando com força e rindo, "que alívio, que alívio!", ela ria, achei engraçada a reação dela e abracei-a de volta mas não entendi direito o porquê de tanto alívio, pra falar a verdade nem pensei muito naquilo, eu queria mesmo era contar do Alexandre, quem ele é, o que faz, o tanto que gosto dele, pensando bem até que ela demorou a entender as dimensões da nossa história, foi só um tempo depois que ela perguntou, seus olhos redondos espantados, "você é casado?", o homem pisando na Lua pela primeira vez, eu disse com orgulho que sim, que há seis anos, ela parecia feliz com minhas respostas, (ela estava feliz?), e me abraçava de novo, dizia que eu era lindo, "as mulheres devem se jogar em cima de você, não?", eu ria e avançava no que queria contar, "mudei a minha vida toda por causa dele, por isso voltei pra cá, não podia mais ficar longe dele"; à nossa volta pessoas dançavam Madonna, drinks desciam leves pelas nossas gargantas, invadimos a pista com furor e fomos com paixão aos copos, os nós esquisitos desmanchavam-se imprimindo retratos mais nítidos, "é como se as peças se encaixassem e tudo adquirisse o sentido que precisava ter", ela disse. Meu rosto ardia, meus olhos radiantes: uma cortina abria-se diante de nós, era a primeira vez que nos víamos.
sábado, 8 de novembro de 2008
Mas o que eu queria mesmo
Mas o que eu queria mesmo era que o telefone tocasse agora e fosse você dizendo que tá com saudade e que precisa me ver agora ou vai enlouquecer de tanta paixão e que a noite é larga e que a vida é comprida e que a gente é jovem e que vai dar tudo certo entre a gente, seja lá o que for tudo, seja lá por quanto tempo, e que você dissesse ainda que não tem certeza de nada além da vontade de me ver, que a vida tem que ser vivida com paixão, liberdade, responsabilidade e ousadia, que os sonhos viram verdade, que a gente pode escolher ser feliz e, numa noite como essa, você quer simplesmente me dar um beijo. Era isso que eu queria. Qualquer outra coisa diferente disso, tou fora.
Como é suposto que aconteça em Novembro
Vontade de tantas coisas: de saber o futuro para confirmar já minhas infundadas teorias sobre o rumo para onde os dias me levarão, de ter uma bola de cristal e adivinhar o que vai acontecer, de mergulhar nos seus olhos claros pra ler a verdade dos momentos que dividimos juntos, tantos e tão distintos ("é que a gente mudou tanto desde que a gente se conheceu, não foi?"). Eu digo uma besteira, você ri, eu pergunto "de quê que você tá rindo?", você imita a minha voz e ri de novo, como se eu fosse a pessoa mais fascinante desse mundo. Você é a pessoa mais fascinante desse mundo, pelo menos nesta noite de sábado, que descrevo: Manuela de banho tomado, pizza jantada, pijama de flanela e chinelo de gatinho cor-de-laranja, barulho da Iara de cabelo lavado arrumando a cozinha, Beleza, a shitsu, passa apressada e penso que daqui a pouco vou tomar um banho para encontrar uns amigos. Faz frio na rua como é suposto que aconteça em Novembro. Sem sustos, a vida toda nos seus lugares. E ponto.
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